quarta-feira, 14 de maio de 2014

Uma carta aos anos vindouros...

Talvez um dia vocês, os anos que compõem o tempo da minha vida, olhem para trás e vejam o quanto eu percorri. Por todos vocês que passaram por minha vida, cada um em momentos cruciais do meu aprendizado e por todos vocês que estarão comigo pelo caminho que se inicia, eu agradeço. Eu agradeço por tudo o que me foi proporcionado ao longo dos anos que passaram e principalmente a vocês que compõem o tempo que está por vir.

Agora eu chego à metade dessa aventura terrena. É como virar uma ampulheta. Sim, foi um longo caminho até aqui e aqui começa um novo longo caminho pela frente. Neste exato momento eu estou olhando pra trás e agradecendo por tudo aquilo que me aconteceu na vida e que me preparou para esse outro tanto que está por vir. Nas minhas lembranças estão pessoas queridas que passaram e que plantaram um semente dentro de mim. Talvez elas próprias não saibam disso, mas lembro-me detalhadamente de cada uma delas.

Algumas permanecem comigo, mas a maioria se perdeu no tempo. Amigos que compartilharam momentos únicos ao meu lado, aprendizados que me permitiram crescer tanto. Tive amigos, mas poderia ter tido mais se soubesse o valor da doação, da partilha. Mas isso eu vejo com meus olhos de hoje, portanto, o passado foi o melhor que poderia ter sido. Poderia ter feito muitas outras coisas? Sim, poderia. Mas não fiz. E foi justamente por não tê-las feito que sou o que sou hoje. Nem mais nem menos.

Amei muito, desde quando conheci o primeiro amor, a primeira tremedeira ao primeiro encontro, o primeiro coração saltando na boca e aquele nervosismo irreparável. E por todas que eu amei, uma lembrança ficou guardada. Lembro de cada uma delas e a todas eu dedico especial carinho. Mulheres que me ensinaram o primeiro beijo, o primeiro sexo, a primeira separação, também aquelas que me ensinaram a seguir o caminho, a decidir entre escolhas, a rumar na vida, a buscar o primeiro trabalho, a entender as emoções que brotavam no peito e nos olhos, e a compreender-me como ser humano, com limites, falhas, qualidades e sonhos. A todas elas, e em sua devida época e momento, eu me dediquei de corpo e alma. E amei-as. Amei-as de todo o coração.

Aos amigos que se perderam no tempo (alguns no caminho), também guardo no peito. A todos eles que, mesmo que por um breve momento, estiveram trilhando passos iguais aos meus. E se o caminho se bifurca e separa é porque a vida é assim, cheia de encontros e desencontros. Mas intensa... sempre. Pois o que guardamos é a intensidade do que sentimos e não por quanto tempo sentimos.

Os últimos anos foram decisivos para me preparar para essa nova fase onde a vida recomeça de um novo tempo e espaço. Agora, eu posso trilhá-la com mais sabedoria, com mais paciência, talvez, com mais compartilhar, com mais dedicação. É tempo de colheita de tudo o que se plantou na vida. Mas continuo semeando sempre, e esse é um dos aprendizados maiores.

Aos anos vindouros, eu os espero com um leve sorriso no canto dos lábios que a maturidade dos anos me trouxe. Em 2009 começa a segunda parte da minha vida, não menos importante que a primeira, mas nova. Sem planos, sem promessas de ano novo. Apenas seguindo o que eu sempre segui na vida: o coração. E tendo ao meu lado uma mulher especial que escolheu, há 15 anos atrás, compartilhar esse caminho comigo. Só isso. Simplesmente isso. Seguindo o fluxo da vida e sabendo que ela me será boa. Sempre. Como as águas de um rio que correm em sua velocidade exata, ultrapassam obstáculos durante o percurso, com a enorme certeza de que um dia se encontrarão com o mar.

E a todos aqueles que se foram, que permanecem e aos que ainda virão, que os anos vindouros sejam de uma riqueza infinita e constante, que a sabedoria guie seus passos e que a vida flua como as águas do rio, constantes e sábias, por onde quer que corram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário