sexta-feira, 9 de maio de 2014

De Chico...

Vai de Chico, vai? Escolha melhor não há. Dá pra postar misturando Chico e dizer tudo o que a gente quer. Quer ver?

Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há, mas eis que chega a Roda Vida e carrega a roseira pra lá. A gente tenta, tenta, tenta e algo desaparece e leva junto o que a gente quer que fique. No peito a saudade cativa, faz força pro tempo parar. Ah, essa mulher cantada em verso e prosa. Quem é ela? Quem é essa mulher que canta sempre esse lamento: só queria lembrar o tormento que fez o meu filho suspirar. A morte que leva a outra parte e nos deixa aqui sem um pedaço. E a saudade, essa saudade que é pior que o esquecimento, pois dói um só lamento e nunca passa.

Temos permissão de viver? Temos a consessão pra sorrir? Ah, bom. Deus lhe pague por isso. Deus lhe pague por podermos ser simplesmente o que somos, ter simplesmente o que temos. É meu caro amigo, o Brasil é uma lambança sem fim. E parece que não mudou desde a última carta, pois aqui na terra tão jogando futebol, uns dias chove, noutros dias bate sol. E a gente vai levando a seco mesmo. Mesmo com tudo isso, mesmo com todo o problema, com o nó no peito, a gente vai levando. Ninguém sabe como, mas a gente vai levando. Na correria. Na carreira.

Pular como um furtivo amante antes do dia clarear. Sair de soslaio, sem ruído. Mas o corpo quer ficar enquanto a alma do artista quer partir. Mas pra onde se não temos pra onde fugir? Somos todos grandes malandros. Sem samba ou com samba somos da nata dessa terra brasilis. Continua dando malandro em tudo o que é canto, malandro candidato a malandro federal, com gravata, com capital e que nunca se dá mal. É tudo profissional, mermão!

Apesar das olimpíadas de 2016, o Rio continua do mesmo jeito, muito menos musical e mais marginal. Será que dá pra mandar uma notícia boa?De qualquer forma, pros dá pesada diz que eu vou levando, de um jeito ou de outro.

Eu só sei que falava e cheira e gostava de mar. O mar é lindo, infinito e expansivo. Mas o olhar da gente ao ver o mar, fica longe, muito longe. Trocando em miúdos é mais ou menos como deixar as sobras e levar as sombras. Saudade. Palavra que só existe por aqui, com o sentido que só tem aqui. O choro de Juliana, de ciclana e de beltrana. Nerudas ainda por ler.

O cotidiano que nos martiriza dia a dia. Tudo é sempre igual, e quanto mais o tempo passa, mais igual fica. A gente faz tudo igual, na mesma hora, do mesmo jeito. Reparou? Poucas são as que sempre estão muito loucas pra beijar, pois o beijo é sempre igual. Mesmo assim eu te perdoo por mentir pra si mesmo. Eu me perdoo por mentir pra mim também. Eu perdoo por fazer do ato de perdoar uma extração de coração, de arrancar o peito.

Se você quer mesmo saber o por que disso tudo , confesso que não sei. Só sei que o Chico faz uma tradução simultânea da minha vida. Toda ela está contida nele e mesmo quando não percebo, eu sou o sujeito da frase. Por que a gente quer alguém que resita, mas se acostume, que nos sorria, que se enfeite pra nos seduzir, que nos traia e nos peça perdão, que nos cegue, que nos siga, cegas e sem medo. De qualquer maneira. Ou de todas. Corte, pois há palavras que foram feitas pra sangrar. Só nos resta deixar o sangue fluir ou se esvair. Tanto faz. Pois as palavras simplesmente saíram sem serem notadas. Sem serem lidas. A leitura é um privilégio (ou não) do leitor, não do escritor.

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