Ah, esses amantes incorrigíveis! Esses seres que emanam luz própria e que compartilham com o mundo essa felicidade que não cabe em si própria. Partilham entre si carícias, afagos, confidências, olhares, cheiros e manias sem fim. E que graça possuem ao passar por nós... Passam como se o mundo estivesse magicamente colorido, como se o mundo fosse só flores!
Em cada abraço apertado, em cada beijo demorado, ei-los aqui: os namorados. Com seus apelidos carinhosos que só eles entendem: nome de coisas, de frutas, de legumes, de verbos, de tudo! Como são criativos os amantes, e como se permitem um viver explícito sem censuras, sem medos e cheios de anseios e desejos. Desejo de que aquelo momento único dure a vida inteira, dure a eternidade, dure intensamente mesmo que por alguns meses, dias, horas ou segundos.
As mãos dadas pela rua, o sorvete beijado, a flor repentina, a poesia escrita em guardanapos, o colo, o encontro de corpos, a mistura de fluidos, a imortalidade do momento, como se uma fotografia fosse. O desejo de ser um só.
O amor transita por fases. Quando surge, o amor se inflama, ofusca, cria uma leveza de alma sem precedentes. Quando perdura, ele acolhe o outro, ele acompanha, ele acalenta e dá direção. Quando estabiliza, o amor suaviza os ânimos, traz calma e mansidão; traz aconchego e segurança.
O amor é como um rio que surge em sua nascente, manso e sereno. Encontra outras águas, se mistura, corre sobre as pedras dando curvatura aos seixos, despenca em uma queda profunda, se espuma, se torna líquido e consistente, percorre novos caminhos, para enfim, desaguar no mar. O rio sempre quer ser mar.
É da natureza do amor buscar o equilíbrio. É da natureza do amor... serenizar.
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