quarta-feira, 14 de maio de 2014

Antes de partir...

Antes de partir levarei saudades. Saudades das pessoas que marcaram minha vida de uma forma indelével. Saudades daqueles que nas horas ingratas, postaram-se junto mim, ao meu redor, ao meu lamento. Terei partido com a certeza de ter vivido cada segundo que me foi permitido pelos Deuses, de uma forma que eu possa ter gravado n'alma das pessoas que comigo conviveram sem esperar nada em troca, apenas a minha singela companhia. Daqueles que bravamente lutaram por seus sonhos e não se deixaram abater... e mesmo que tenham caído, que se tenham levantado mais uma vez e mais uma vez. Quero ser eles, em sua coragem de sempre seguir em frente.

Quero poder adormecer um sonho infindo e acordar do outro lado, como quem renasce novamente, como semente no ventre da mãe. E que o outro lado não seja necessariamente de anjos e nuvens e harpas. Que o outro lado seja de uma paz infinita, mas regado à música, a bons papos, a pessoas divertidas e cheio de árvores e pássaros e cachorros. Não precisa ser perfeito, mas que seja pelo menos humano, com seus erros e acertos. Lá eu quero sentar ao pé de uma árvore que dê boa sombra e me lembrar sorrindo das alegrias que eu deixei aqui e de como eu fui feliz durante minha jornada terrena.

Quero deixar a bagagem que pesa para trás e só levar as coisas que couberem dentro do peito, leves como os ventos que levantam a areia do deserto e atravessam os mares para repousarem em terras além mar. E que pessoas queridas, conhecidas e aquelas que eu não tive tempo de conhecer, me esperem para uma grande recepção de boas-vindas, como o filho pródigo que à casa torna. Que as paisagens de lá sejam como as pinceladas de Monet, Renoir e Van Gogh, úmidas com cheiro fresco e que gerem uma impressão indizível, como o impressionismo em sua grande arte.

O tempo urge mas ainda há tanto tempo... Nem eu sei quando eu partirei, mas a partida é certa. Enquanto isso, que me seja permitido viver sem grandes fúrias, sem grandes devaneios, sem grandes turbilhões. E que o vulcão adormeça dentro de mim e que a mansidão invada a minha alma louca e doente, que às vezes ri, que às vezes chora, mas que antes de tudo... vive profundamente.

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